viernes, 25 de abril de 2008

Pintores Naif - Arte Brasileña Contemporánea

















Florada no campo - 50x60
Malu Delibo
















Três corações - 40x60
Isabel de Jesus



















O violeiro - 50x60
Ernane Cortat











Jarra de flores - 40x30
Bebeth



















Soltando balão - 50x60
Airton das Neves

Vinícius de Moraes





POEMA DOS OLHOS DA AMADA


Ó minha amada
Que olhos os teus
São cais noturnos
Cheios de adeus
São docas mansas
Trilhando luzes
Que brilham longe
Longe dos breus...
Ó minha amada
Que olhos os teus
Quanto mistério
Nos olhos teus
Quantos saveiros
Quantos navios
Quantos naufrágios
Nos olhos teus...
Ó minha amada
Que olhos os teus
Se Deus houvera
Fizera-os Deus
Pois não os fizera
Quem não soubera
Que há muitas era
Nos olhos teus.
Ah, minha amada
De olhos ateus
Cria a esperança
Nos olhos meus
De verem um dia
O olhar mendigo
Da poesia
Nos olhos teus.

(Antologia Poética)

martes, 22 de abril de 2008

Noites De Cetim



Composição: Herman Torres/Sérgio Natureza



Pelo sim, pelo não
Eu prefiro o vão
Do portão do meio
Pelo sim, pelo são
Eu prefiro o pão
Feito de centeio
Pelo sim, pelo tão
Esperado fim
Refinado e feio

Ainda guardo em mim
Noites de cetim
Lua de marfim
Dias de sol cheio
Pra depois prosseguir
Reverter, fluir
De retorno ao seio
Viajar pelo som
Espalhando luz
Pela Eternidade.

Dez Mil Dias




Composição: Paulo machado



Vou me lembrando agora
Dos dias que eu já vivi
Mais de dez mil dias vão indo embora
Ai, é natural eu estar assim
Sonhei de mais, nem percebi
Que esse tempo passa
E a gente nem nota
Mas não, eu não quero
Viver me iludindo
Enfrento meu medo
Pra vida ir seguindo

E tudo que tenho a fazer
É não deixar de viver
Quando o caminho se abrir eu vou

Pedaço De Canção





Composição: Moraes Moreira/Fausto Nilo


Que uma canção pelo céu levaria
No véu da cidade na melhor sintonia
Todo o meu coração

Mas as frases que eu grito
Em bocas tão desiguais
São pedaços daquilo que sinto
E não canto jamais
Que eu repito
Em bocas tão desiguais
São pedaços daquilo que sinto
E não canto jamais
Portanto eu minto
No tom maior do violão
Quando pressinto
Nesse acorde menor a maior emoção
Que uma canção pelo céu levaria
No véu da cidade na melhor sintonia
No rádio do carro uma voz anuncia
O final da canção.

sábado, 19 de abril de 2008

Museu do Inconsciente

Nise da Silveira, psiquiatra que revolucionou os métodos de atendimento ao portador de transtornos mentais no Brasil, principalmente dos esquizofrênicos, cria, em 1946, no Centro Psiquiátrico Pedro II, hoje Instituto Municipal Nise da Silveira, uma oficina de Terapêutica Ocupacional, para aliviar a dor do conflito psicológico deste indivíduo hermético, visto por muitos como incompreensível em seus delírios e alucinações.
O pioneirismo de suas ações desencadearam uma Reforma Psiquiátrica no país, inaugurando na cultura brasileira - o Museu de Imagens do Inconsciente, fundado em 1952, cuja mostra expressa em arte o mundo interno de seus pacientes.
Primeira tela abaixo óleo sobre tela, 83,0 x 67,0 cm, 1954, por Fernando Diniz;
Segunda tela lápis-cera sobre cartolina, 43,0 x 33,0 cm, 1976, por Carlos Pertius.


viernes, 18 de abril de 2008

Ferreira Gullar

TRADUZIR-SE

Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.

uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.

Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.

Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.

Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.

Traduzir-se uma parte
na outra parte
- que é uma questão
de vida ou morte -
será arte?
Ferreira Gullar

lunes, 14 de abril de 2008

Caprichos&Relaxos - Paulo Leminski








a noite
me pinga uma estrela no olho
e passa

*

casa com cachorro brabo
meu anjo da guarda
abana o rabo

°

entre a dívida externa
e a dúvida interna
meu coração
comercial
alterna


*

parem
eu confesso
sou poeta

cada manhã que nasce
me nasce
uma rosa na face

parem
eu confesso
sou poeta

só meu amor é meu deus

eu sou o seu profeta
eu
quando olho nos olhos
sei quando uma pessoa
está por dentro
ou está por fora

quem está por fora
não segura
um olhar que demora

de dentro de meu centro
este poema me olha

°

um poema
que não se entende
é digno de nota

a dignidade suprema
de um navio
perdendo a rota

Mais Chico Buarque






Morena dos olhos d'água
Chico Buarque/1966

Morena dos olhos d'água
Tira os seus olhos do mar
Vem ver que a vida ainda vale
O sorriso que eu tenho
Pra lhe dar

Descansa em meu pobre peito
Que jamais enfrenta o mar
Mas que tem abraço estreito, morena
Com jeito de lhe agradar

Vem ouvir lindas histórias
Que por seu amor sonhei
Vem saber quantas vitórias, morena
Por mares que só eu sei

O seu homem foi-se embora
Prometendo voltar já
Mas as ondas não tem hora, morena
De partir ou de voltar

Passa a vela e vai-se embora
Passa o tempo e vai também
Mas meu canto ainda lhe implora, morena
Agora, morena, vem

miércoles, 9 de abril de 2008

Lavadeiras















Cândido Portinari - 1944

martes, 8 de abril de 2008

Murilo Mendes

AS LAVADEIRAS

As lavadeiras no tanque noturno
Não responderam ao canto da sibila.

“Lavamos os mortos,
Lavamos o tabuleiro das idéias antigas
E os balaústres para repouso do mar...
Nele encontramos restos de galeras,
Quem nos desviará do nosso canto obscuro?
Nele descobrimos o augusto pudor do vento,
O balanço do corpo do pirata com argolas,
Nele promovemos a sede do povo
E excitamos a nossa própria sede...”

As lavadeiras no tanque branco
Lavam o espectro da guerra.
Os braços das lavadeiras
No abismo noturno
Vão e vêm.


In: Poesia liberdade. Rio de Janeiro, Agir, 1947.

lunes, 7 de abril de 2008

Série: Pintores brasileiros












Alfredo Volpi (1896-1988)- O artista proletário... Mário de Andrade
Homem simples, detestava homenagens. A pedido de vizinhos, no bairro do Cambuci, Volpi pintou um mural em via pública. Reciprocamente, os vizinhos organizaram uma festa na própria rua, mas Volpi recusou-se a sair de casa, protestando, num sotaque «italianado» de paulista: «Ma que, homenage, io stô trabalhando, não vê?»


















Faiga Ostrower, nascida em Lodz, na Polônia, em 1920, filha de família judia, chegou ao Brasil em 1934, naturalizando-se em seguida. Morre aos 81 anos em 2001. "CRIAR E VIVER SE INTERLIGAM"

















Aldemir Martins, 82 anos, cearense - “Gosto de gato”, diz, embora não crie nenhum. “Bicho tem que ficar solto.”