lunes, 31 de octubre de 2011

31 de outubro - Aniversário do poeta Drummond

Poema de sete faces



Quando nasci, um anjo torto

desses que vivem na sombra

disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.



As casas espiam os homens

que correm atrás de mulheres.

A tarde talvez fosse azul,

não houvesse tantos desejos.



O bonde passa cheio de pernas:

pernas brancas pretas amarelas.

Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração.

Porém meus olhos

não perguntam nada.



O homem atrás do bigode

é sério, simples e forte.

Quase não conversa.

Tem poucos, raros amigos

o homem atrás dos óculos e do bigode.



Meu Deus, por que me abandonaste

se sabias que eu não era Deus,

se sabias que eu era fraco.



Mundo mundo vasto mundo

se eu me chamasse Raimundo

seria uma rima, não seria uma solução.

Mundo mundo vasto mundo,

mais vasto é meu coração.



Eu não devia te dizer

mas essa lua

mas esse conhaque

botam a gente comovido como o diabo.


(Carlos Drummond de Andrade)






martes, 25 de octubre de 2011

lunes, 24 de octubre de 2011

Elisa Lucinda


Viver de Poesia



Há tanto o que fazer com a poesia

que eu quase não dou conta das tarefas.

Trazê-la em estado de circulação

é mais que assumi-la sangue

de tanto me afundar no mangue

decorei o caminho do emergir

a volta do desmaio

do cair em si em mi

e mais todas as notas do percurso e escola.

Há tanto o que transar com a poesia

que tenho estado com ela sem nenhum projeto de anticoncepção

falá-la então é o VT desse sexo explícito de procriação

com direito a prazer e gozo em cada dobra de rima

Trazendo-a em estado vivo exerço a alquimia

de atropelar o efêmero

com o doce trator da perpetuação

agarrada aos motivos eternos

dos versos que eu escrevi

latejante exposição em estado de música e fotografia

é o que faço aqui

e aqui chego com meus cães:

sigo tudo de acordo com as ordens do Deus poema

que é o fiel domador.



Corro, sento, busco ossos

e inda faço gracinhas

elefante, golfinho, leão, macaquinho,

sopro, tambor, teclado, cavaquinho

vou bebendo vinho.

Há tanto o que fazer com a poesia

Há tanto o que namorar com a poesia

Há tanto o que compreender com a poesia

Há tanto o que viajar com a poesia

que eu com esse excesso de bagagem

passo na cara do vigia

de mãos vazias.

Mas tamanha é a magia

que toda a muamba que ninguém via

agora se esparrama no palco:

ela rainha, galinha

sambando no pedaço,

minha rainha poesia

e de salto alto.



(Rio, verão de 1991)





martes, 11 de octubre de 2011

domingo, 2 de octubre de 2011

Thereza Miranda














Ilha de Itaparica - 1998
(pintura)












Cristo III
(gravura)