domingo, 16 de septiembre de 2012

viernes, 7 de septiembre de 2012

Waly Salomão

Devenir, devir



Término de leitura

de um livro de poemas
não pode ser o ponto final.



Também não pode ser
a pacatez burguesa do
ponto seguimento.



Meta desejável:
alcançar o
ponto de ebulição.



Morro e transformo-me.


Leitor, eu te reproponho
a legenda de Goethe:
Morre e devém



Morre e transforma-te.   



Hoje



O que menos quero pro meu dia

polidez,boas maneiras.
Por certo,
               um Professor de Etiquetas
não presenciou o ato em que fui concebido.
Quando nasci, nasci nu,
ignaro da colocação correta dos dois pontos,
do ponto e vírgula,
e, principalmente, das reticências.
(Como toda gente, aliás...)

Hoje só quero ritmo.

Ritmo no falado e no escrito.
Ritmo, veio-central da mina.
Ritmo, espinha-dorsal do corpo e da mente.
Ritmo na espiral da fala e do poema.

Não está prevista a emissão

de nenhuma “Ordem do dia”.
Está prescrito o protocolo da diplomacia.
AGITPROP – Agitação e propaganda:
Ritmo é o que mais quero pro meu dia-a-dia.
Ápice do ápice.

Alguém acha que ritmo jorra fácil,

pronto rebento do espontaneísmo?
Meu ritmo só é ritmo
quando temperado com ironia.
Respingos de modernidade tardia?
E os pingos d’água
dão saltos bruscos do cano da torneira
                e
passam de um ritmo regular
para uma turbulência
                aleatória.

Hoje...

lunes, 25 de junio de 2012

Eduardo Kobra






Mural em Nova York

Mural em Votuporanga/SP - Brasil

Maria Esther Maciel

PRECE
Dê-me o esquecimento meu pai.
Dê-me uma noite sem sombra
ou sobressalto, um sono inteiro
um instante sem rumor.
Dê-me teu silêncio meu pai.
A solidez das pedras, o rigor das coisas
a solidão sem dor.


DESTERRO
Desabitado o corpo
resta a sombra
do anjo sem nome

O reino do longe
é aqui: na terra
insone, onde a pedra
consome a falsa raiz.


OFÍCIO
Escrever
a água
da palavra mar
o voo
da palavra ave
o rio
da palavra margem
o olho
da palavra imagem
o oco
da palavra nada.

domingo, 27 de mayo de 2012

Na terra do coração - Caio Fernando Abreu

"Meu coração é um anjo de pedra com a asa quebrada."

"Meu coração é um filme noir projetado num cinema de quinta categoria. A platéia joga pipoca na tela e vaia a história cheia de clichês."

"Meu coração é uma planta carnívora morta de fome."

"Meu coração é o laboratório de um cientista louco varrido, criando sem parar Frankensteins monstruosos que sempre acabam por destruir tudo."

"Meu coração é um poço de mel, no centro de um jardim encantado, alimentando beija-flores que, depois de prová-lo, transformam-se magicamente em cavalos brancos alados que voam muito longe, em direção à estrela Vega. Levam junto quem me ama, me levam junto também.'

"Faquir invonluntário, cascata de champanha, púrpura rosa do Cairo, sapato de sola furada, verso de Mário Quintana, vitrina vazia, navalha afiada, figo maduro, papel crepom, cão uivando pra lua, ruína, simulacro, varinha de incenso,. Acesa, aceso - vasto, vivo: meu coração teu."

Escolha dos textos: Cynthia Lopes
O Estado de Sâo Paulo, 10/2/1988

domingo, 1 de abril de 2012

jueves, 29 de marzo de 2012

Vinícius de Moraes (Sonetos)

Soneto de véspera




Quando chegares e eu te vir chorando
De tanto te esperar, que te direi?
E da angústia de amar-te, te esperando
Reencontrada, como te amarei?

Que beijo teu de lágrimas terei
Para esquecer o que vivi lembrando
E que farei da antiga mágoa quando
Não puder te dizer por que chorei?

Como ocultar a sombra em mim suspensa
Pelo martírio da memória imensa
Que a distância criou - fria de vida

Imagem tua que eu compus serena
Atenta ao meu apelo e à minha pena
E que quisera nunca mais perdida...

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Soneto do amor como um rio




Este infinito amor de um ano faz
Que é maior do que o tempo e do que tudo
Este amor que é real, e que, contudo
Eu já não cria que existisse mais.

Este amor que surgiu insuspeitado
E que dentro do drama fez-se em paz
Este amor que é o túmulo onde jaz
Meu corpo para sempre sepultado.

Este amor meu é como um rio; um rio
Noturno interminável e tardio
A deslizar macio pelo ermo

E que em seu curso sideral me leva
Iluminado de paixão na treva
Para o espaço sem fim de um mar sem termo.

domingo, 26 de febrero de 2012

Cláudio Souza Pinto

Humor em telas surrealistas e poéticas.









viernes, 24 de febrero de 2012

SONETO DO AZUL VERMELHO

Danço quieto nas zonas licenciosas das orquestras.
Com imaginação e desejo seduzo as mulheres
que já passara a limpo os magmas dos vulcões.
Escrevo cartas, sonetos mara meditações, paisagens.

Faço saraus, ilustrações, abandonos, frestas.
Quando as danças aguadas me pedem passagem,
lá fora, frios, os carros rangem os pneus nas rochas
em pressas safíricas, firmes, mas inúteis e baldadas.

De outro modo quero as possibilidades das danças
em baladas íntimas no corpo fogoso da brandura.
Quero ouvir a noite, agradar o sorriso, domar o pranto.

E se os sambas-canções triunfarem sobre as sonatas
o eco do meu peito acolherá tanto desejo e candura
que as nossas bocas, rubis obscenos, se atarão ao encanto.

(Rogério Pimentel - Antologia Simbiose)

viernes, 17 de febrero de 2012