lunes, 16 de diciembre de 2019

Wélcio de Toledo

Tripalium - o trabalho do artista


forte como uma mulher
e pronto
sem desculpas para consolar
a eterna necessidade de culpa

intransitivo

o salto pontiagudo
protossexual
segura a onda
que arrasta uma bigorna

entorna o torso
na verga de três paus
a escorar os escombros do capitalismo
natimorto

o corpo que não diz
existência sem resposta
promessa
que em si só já basta para anestesiar

ferramentas
amuletos utilidades
eterna espera

pedra ferro madeira osso
a forja faz do homem
um quinhão daquilo que é seu labor
mesmo desacreditando da criação

a arte cobra seu preço em labuta
da matéria vem o pó
pigmenta a tinta
impregnando de morte o artista

deus fez o pão
que o diabo amassou
seu castigo é ruminar
a perda do paraíso

ergoni et ponosi

um mergulho profundo 
em busca de aquários
escafandros e 

outros dispositivos de imersão

miércoles, 30 de octubre de 2019

TROVA

Gente, esta trova ganhou o primeiro lugar no Concurso José Ouverney, de âmbito nacional, vejam que linda:


1º Lugar
O outono, num gesto nobre,
espreitado pela lua,
com lençóis de folhas cobre
os moradores de rua.
Maurício Cavalheiro – Pindamonhangaba/SP

Lalan Bessoni - Ilustrações






lunes, 5 de agosto de 2019

Orides Fontela

POEMA

Saber de cor o silêncio
diamante e/ou espelho
o silêncio além
do branco.
Saber seu peso
seu signo
– habitar sua estrela
  impiedosa.
Saber seu centro: vazio
esplendor além
da vida
e vida além
da memória.
Saber de cor o silêncio
– e profaná-lo, dissolvê-lo
                            em palavras.
 
 
MAPA

Eis a carta dos céus:
as distâncias vivas
indicam apenas
roteiros
os astros não se interligam
e a distância maior
é olhar apenas.
A estrela
vôo e luz somente
sempre nasce agora:
desconhece as irmãs
e é sem espelho.
Eis a carta dos céus: tudo
indeterminado e imprevisto
cria um amor fluente
e sempre vivo.
Eis a carta dos céus: tudo
                                     se move.
 

viernes, 2 de agosto de 2019

jueves, 18 de julio de 2019

miércoles, 3 de abril de 2019

domingo, 10 de marzo de 2019

HILDA HILST

Amavisse

Como se te perdesse, assim te quero.
Como se não te visse (favas douradas
Sob um amarelo) assim te apreendo brusco
Inamovível, e te respiro inteiro

Um arco-íris de ar em águas profundas.

Como se tudo o mais me permitisses,
A mim me fotografo nuns portões de ferro
Ocres, altos, e eu mesma diluída e mínima
No dissoluto de toda despedida.
 Como se te perdesse nos trens, nas estações
Ou contornando um círculo de águas
Removente ave, assim te somo a mim:
De redes e de anseios inundada.




Árias Pequenas. Para Bandolim

Antes que o mundo acabe, Túlio,
Deita-te e prova
Esse milagre do gosto
Que se fez na minha boca
Enquanto o mundo grita
Belicoso. E ao meu lado
Te fazes árabe, me faço israelita
E nos cobrimos de beijos
E de flores

Antes que o mundo se acabe
Antes que acabe em nós
Nosso desejo.