naquele dia
meu pixaim elétrico gritava alto
provocava sem alisar ninguém
meu cabelo estava cheio de si
naquele dia
preparei a carapinha para enfrentar
a monotonia da paisagem da estrada
soltei os grampos e segui
de cara para o vento, bem desaforada
sem esconder volumes nem negar raízes
pura filosofia
meu cabelo escuro, crespo, alto e grave
quase um caso de polícia
em meio à pasmaceira da cidade
incomodou identidade e pariu novas cabeças
abaixo a demagogia
soltei as amarras e recusei qualquer relaxante
assumi as minhas raízes
ainda que brincasse com alguns matizes
confrontando o meu pixaim elétrico
com as cores pálidas do dia.
Pixaim, elétrico!
Cántico de las Palabras
martes, 27 de octubre de 2020
PIXAIM ELÉTRICO - Cristiane Sobral
lunes, 16 de diciembre de 2019
Wélcio de Toledo
Tripalium - o trabalho do artista
forte como uma mulher
e pronto
sem desculpas para consolar
a eterna necessidade de culpa
intransitivo
o salto pontiagudo
protossexual
segura a onda
que arrasta uma bigorna
entorna o torso
na verga de três paus
a escorar os escombros do capitalismo
natimorto
o corpo que não diz
existência sem resposta
promessa
que em si só já basta para anestesiar
fé
ferramentas
amuletos utilidades
eterna espera
pedra ferro madeira osso
a forja faz do homem
um quinhão daquilo que é seu labor
mesmo desacreditando da criação
a arte cobra seu preço em labuta
da matéria vem o pó
pigmenta a tinta
impregnando de morte o artista
deus fez o pão
que o diabo amassou
seu castigo é ruminar
a perda do paraíso
ergoni et ponosi
um mergulho profundo
em busca de aquários
escafandros e
outros dispositivos de imersão
viernes, 22 de noviembre de 2019
miércoles, 30 de octubre de 2019
TROVA
Gente, esta trova ganhou o primeiro lugar no Concurso José Ouverney, de âmbito nacional, vejam que linda:
1º Lugar
O outono, num gesto nobre,
espreitado pela lua,
com lençóis de folhas cobre
os moradores de rua.
Maurício Cavalheiro – Pindamonhangaba/SP
Referência: http://www.falandodetrova.com. br/atrn2019t…
lunes, 5 de agosto de 2019
Orides Fontela
POEMA
Saber de cor o silêncio
diamante e/ou espelho
o silêncio além
do branco.
Saber seu peso
seu signo
– habitar sua estrela
impiedosa.
Saber seu centro: vazio
esplendor além
da vida
e vida além
da memória.
Saber de cor o silêncio
– e profaná-lo, dissolvê-lo
em palavras.
MAPA
Eis a carta dos céus:
as distâncias vivas
indicam apenas
roteiros
os astros não se interligam
e a distância maior
é olhar apenas.
A estrela
vôo e luz somente
sempre nasce agora:
desconhece as irmãs
e é sem espelho.
Eis a carta dos céus: tudo
indeterminado e imprevisto
cria um amor fluente
e sempre vivo.
Eis a carta dos céus: tudo
se move.
viernes, 2 de agosto de 2019
jueves, 18 de julio de 2019
miércoles, 3 de abril de 2019
domingo, 10 de marzo de 2019
HILDA HILST
Amavisse
Como se te perdesse, assim te quero.
Como se não te visse (favas douradas
Sob um amarelo) assim te apreendo brusco
Inamovível, e te respiro inteiro
Um arco-íris de ar em águas profundas.
Como se tudo o mais me permitisses,Como se te perdesse nos trens, nas estações
A mim me fotografo nuns portões de ferro
Ocres, altos, e eu mesma diluída e mínima
No dissoluto de toda despedida.
Ou contornando um círculo de águas
Removente ave, assim te somo a mim:
De redes e de anseios inundada.
Árias Pequenas. Para Bandolim
Antes que o mundo acabe, Túlio,
Deita-te e prova
Esse milagre do gosto
Que se fez na minha boca
Enquanto o mundo grita
Belicoso. E ao meu lado
Te fazes árabe, me faço israelita
E nos cobrimos de beijos
E de flores
Antes que o mundo se acabe
Antes que acabe em nós
Nosso desejo.
miércoles, 17 de octubre de 2018
martes, 14 de agosto de 2018
martes, 10 de julio de 2018
Adélia Prado
UM SILÊNCIO
Ela descalçou os chinelos
e os arrumou juntinhos
antes de pôr a cabeça nos trilhos
em cima do pontilhão,
debaixo do qual passava um veio d’água
que as lavadeiras amavam.
O barulho do baque com o barulho do trem.
Foi só quando a água principiou a tingir
a roupa branca que dona Dica enxaguava
que ela deu o alarme
da coisa horrível caída perto de si.
Eu cheguei mais tarde e assim vi para sempre:
a cabeleira preta,
um rosto delicado,
do pescoço a água nascendo ainda alaranjada,
os olhos belamente fechados.
O cantor das multidões cantava no rádio:
“Aço frio de um punhal foi teu adeus pra mim”.
– Adélia Prado, do livro “O coração disparado”. Rio de Janeiro: Editora Record, 2013.
DIA
As galinhas com susto abrem o bico
e param daquele jeito imóvel
- ia dizer imoral -
as barbelas e as cristas envermelhadas,
só as artérias palpitando no pescoço.
Uma mulher espantada com sexo:
mas gostando muito.
Ela descalçou os chinelos
e os arrumou juntinhos
antes de pôr a cabeça nos trilhos
em cima do pontilhão,
debaixo do qual passava um veio d’água
que as lavadeiras amavam.
O barulho do baque com o barulho do trem.
Foi só quando a água principiou a tingir
a roupa branca que dona Dica enxaguava
que ela deu o alarme
da coisa horrível caída perto de si.
Eu cheguei mais tarde e assim vi para sempre:
a cabeleira preta,
um rosto delicado,
do pescoço a água nascendo ainda alaranjada,
os olhos belamente fechados.
O cantor das multidões cantava no rádio:
“Aço frio de um punhal foi teu adeus pra mim”.
– Adélia Prado, do livro “O coração disparado”. Rio de Janeiro: Editora Record, 2013.
DIA
As galinhas com susto abrem o bico
e param daquele jeito imóvel
- ia dizer imoral -
as barbelas e as cristas envermelhadas,
só as artérias palpitando no pescoço.
Uma mulher espantada com sexo:
mas gostando muito.
- Adélia Prado
martes, 3 de abril de 2018
martes, 16 de enero de 2018
Ana Elisa Ribeiro
DA ESCRITORA
Já a metade
da minha vida
passei nesta lida
com letras,
papel, projeto,
poemas, falida.
Já a metade,
conforme contei
outro dia.
E prestes já
a contar
mais da metade,
em breve,
estimando,
quem sabe,
que, ao cabo,
pareça
ter sido
leve.
Já a metade
da minha vida
passei nesta lida
com letras,
papel, projeto,
poemas, falida.
Já a metade,
conforme contei
outro dia.
E prestes já
a contar
mais da metade,
em breve,
estimando,
quem sabe,
que, ao cabo,
pareça
ter sido
leve.
CIUMINHO BÁSICO
escuta
calado
a proposta rude
deste meu
ciúme:
vou cercar tua boca
com arame farpado
pôr cerca elétrica
ao redor dos braços
na envergadura
pra bloquear o abraço
vou serrar teus sorrisos
deixar apenas os sisos
esculhambar com teus olhos
furá-los com farpas
queimar os cabelos
no pau acendo uma tocha
que se apague apenas
ao sinal da minha xota
finco no cu uma placa
"não há vagas, vagabundas"
na bunda ponho uma cerca
proíbo os arrepios
exceto os de medo
e marco no lombo, a brasa,
a impressão única do meu dedo.
viernes, 29 de septiembre de 2017
miércoles, 25 de enero de 2017
SILVIA ROCHA
sem ninguém
sem vintém
como ser zen?
***
flores de maio
no meu quintal lavado
gotas de orvalho
***
solidão
não te come não te mata
te retrata
***
meus guias do além
me guiam
além
***
sopro de vela
me leva
me vela
***
curta
a vida é
curta
* Seleção dos poemas feita pelo http://www.rubensjardim.com/blog.php?idb=49066
sem vintém
como ser zen?
***
flores de maio
no meu quintal lavado
gotas de orvalho
***
solidão
não te come não te mata
te retrata
***
meus guias do além
me guiam
além
***
sopro de vela
me leva
me vela
***
curta
a vida é
curta
* Seleção dos poemas feita pelo http://www.rubensjardim.com/blog.php?idb=49066
viernes, 12 de agosto de 2016
viernes, 24 de junio de 2016
martes, 3 de mayo de 2016
Maurício Lima - Fotojornalismo no Brasil
Fotojornalismo
Mauricio Lima
Primeiro brasileiro a ganhar o Prêmio Pulitzer 2016 – dado aos melhores trabalhos jornalísticos e literários do mundo – pela cobertura dos refugiados na Europa e no Oriente Médio, além do World Press Photo e o Picture of The Year América Latina, que o considerou o melhor fotógrafo em 2015 pela documentação da Ucrânia e dos protestos no Brasil.
21/09/2010 às 0:01
Num país ocupado, a presença maciça da imprensa estrangeira ameaça transformar todas as imagens em clichês. Capturar a foto nova e verdadeiramente significativa é um desafio. O paulistano Mauricio Lima, 35 anos, com frequência é capaz de fazê-lo.
Mauricio trabalha há dez anos na Agence France Presse (AFP). Tornou-se um dos mais atuantes – e brilhantes – fotojornalistas brasileiros. No começo de 2010, depois de seis coberturas no Iraque e uma na Faixa de Gaza, ele ficou 75 dias no Afeganistão. “Tudo já foi fotografado”, diz ele. “Não só no Afeganistão, mas em qualquer país sob olhar internacional.” Seu método, então, é ficar atento ao cotidiano. “Meu interesse é mostrar com simplicidade que a vida segue, em seus diversos aspectos, mesmo sob ocupação militar.”
O ensaio Marjah após ofensiva: trabalhadores surgiu quando Mauricio acompanhava patrulhas dos fuzileiros navais americanos em conjunto com soldados afegãos em Marjah, no sul do país. Crianças que moravam nas proximidades do posto de combate realizavam trabalhos para os americanos, dentro de um programa para a recuperação da região. Cavavam buracos, queimavam o lixo recolhido nas redondezas e reparavam paredes destruídas. Ganhavam alguns dólares por semana.
Mauricio registrou o trabalho durante alguns dias. Depois, com a ajuda de um soldado afegão (com quem jantava dentro da base), conseguiu reunir os garotos e, em menos de 25 minutos, fez as fotos deste ensaio. Os garotos se acomodavam na janela e a foto era feita. Mais nada. Numa paisagem terrosa e cinzenta, a janela “aprisiona” os meninos. Mas é também uma abertura, uma passagem. São imagens poderosas de crianças de futuro incerto, num país em guerra.
“O que vi não foi nada de novo, exclusivo. A questão é saber abordar os assuntos e aprofundá-los de maneira pessoal”, diz Mauricio. Em 2011, quando o país completa dez anos sob ocupação ocidental , ele retorna ao Afeganistão.
Alexandre Belém
Endereço da matéria: http://veja.abril.com.br/blog/sobre-imagens/fotojornalismo/mauricio-lima/
jueves, 3 de septiembre de 2015
Maria Rezende
PAU MOLE
Adoro pau mole.
Assim mesmo.
Não bebo mate
não gosto de água de coco
não ando de bicicleta
não vi ET
e a-d-o-r-o pau mole.
Adoro pau mole
pelo que ele expõe de vulnerável e pelo que encerra de possibilidade.
Adoro pau mole
porque tocar um pressupõe a existência de uma intimidade e uma liberdade
que eu prezo e quero, sempre.
Porque ele é ícone do pós-sexo
(que é intrínseca e automaticamente
- ainda que talvez um pouco antecipadamente)
sempre um pré-sexo também.
Um pau mole é uma promessa de felicidade sussurrada baixinho ao pé do ouvido.
É dentro dele,
em toda a sua moleza sacudinte de massa de modelar,
que mora o pau duro e firme com que meu homem me come.
ECLIPSES EM ESCORPIÃO
mudança
revolução
Eu estou trocando de pele
e isso não é uma metáfora
Feito cobra nas vigas de outra casa
feito um feto quebrando cromossomos
Eu sou de outra galáxia
sou invenção de passarinhos
eu não existo exatamente
eu estou de onda com a sua cara
Eu sou exuberante
eu sou exagerada
sou a morena peituda
com que você sempre sonhou
Sou uma célula tronco
carne do umbigo
sou minha própria cura
drama discreto
lua em Leão
Eu não morro
eu vivo
eu sou a regeneração
Adoro pau mole.
Assim mesmo.
Não bebo mate
não gosto de água de coco
não ando de bicicleta
não vi ET
e a-d-o-r-o pau mole.
Adoro pau mole
pelo que ele expõe de vulnerável e pelo que encerra de possibilidade.
Adoro pau mole
porque tocar um pressupõe a existência de uma intimidade e uma liberdade
que eu prezo e quero, sempre.
Porque ele é ícone do pós-sexo
(que é intrínseca e automaticamente
- ainda que talvez um pouco antecipadamente)
sempre um pré-sexo também.
Um pau mole é uma promessa de felicidade sussurrada baixinho ao pé do ouvido.
É dentro dele,
em toda a sua moleza sacudinte de massa de modelar,
que mora o pau duro e firme com que meu homem me come.
ECLIPSES EM ESCORPIÃO
mudança
revolução
Eu estou trocando de pele
e isso não é uma metáfora
Feito cobra nas vigas de outra casa
feito um feto quebrando cromossomos
Eu sou de outra galáxia
sou invenção de passarinhos
eu não existo exatamente
eu estou de onda com a sua cara
Eu sou exuberante
eu sou exagerada
sou a morena peituda
com que você sempre sonhou
Sou uma célula tronco
carne do umbigo
sou minha própria cura
drama discreto
lua em Leão
Eu não morro
eu vivo
eu sou a regeneração
viernes, 17 de julio de 2015
Eucanaã Ferraz
ESTA PLACA
Como se eu mesmo dissesse,
como se eu próprio afirmasse
(começa com eu, meu nome)
que sou o que me nomeia:
como se eu próprio afirmasse
(começa com eu, meu nome)
que sou o que me nomeia:
lugar de não ser ainda,
solo tão só prometido,
projeto de geografia
para depois de amanhã.
solo tão só prometido,
projeto de geografia
para depois de amanhã.
Meu nome não sou agora,
moro no mundo futuro.
Meu pai me deu esse nome
sem que eu pudesse fazê-lo.
moro no mundo futuro.
Meu pai me deu esse nome
sem que eu pudesse fazê-lo.
Mal posso escrevê-lo certo
nos documentos que o pedem.
Não existo no meu nome,
coisa que vive sem mim.
nos documentos que o pedem.
Não existo no meu nome,
coisa que vive sem mim.
Ele se diz sendo eu,
este nome que me afirma,
mas o que nele me aponta
é também o que me acusa
este nome que me afirma,
mas o que nele me aponta
é também o que me acusa
de eu não ser o que ele diz.
Queria viver sem nome,
ser o que sou: eu-ninguém.
Me chamarem — ei, você! —
Queria viver sem nome,
ser o que sou: eu-ninguém.
Me chamarem — ei, você! —
e eu me reconheceria,
perfeitamente não sendo
senão uma coisa livre
do que jamais prometi.
perfeitamente não sendo
senão uma coisa livre
do que jamais prometi.
Mas à cara está colada
(certas tintas não se apagam)
esta placa, este engano
à beira de mim-estrada.
(certas tintas não se apagam)
esta placa, este engano
à beira de mim-estrada.
Se terra, sou terra a terra,
o agora sem vaticínios
de um norte em que mel e leite
jorrassem fáceis, sem dor.
o agora sem vaticínios
de um norte em que mel e leite
jorrassem fáceis, sem dor.
Só existo em chão estreito,
nuns versos de amor e morte,
palavras ditas no escuro,
fósforo, poço, você.
nuns versos de amor e morte,
palavras ditas no escuro,
fósforo, poço, você.
Sou o exilado do nome
que carrego, vice-versa,
sem ter nunca visto a pátria
que minto quando me digo
que carrego, vice-versa,
sem ter nunca visto a pátria
que minto quando me digo
toda vez que respondo:
como é que você se chama?
Vou aos livros, não encontro.
Pergunto. Não está no atlas.
como é que você se chama?
Vou aos livros, não encontro.
Pergunto. Não está no atlas.
E o infinito infinito.
A terra estará cumprida
quando estiver concluída.
Então, morrerei ali,
sob ela, dentro dela,
quando estiver concluída.
Então, morrerei ali,
sob ela, dentro dela,
sem ser eu, sem eu, não ser.
Do livro Escuta, Editora Companhia das Letras
lunes, 6 de julio de 2015
Cora Coralina
Aninha e suas pedras
Não te deixes destruir…
Ajuntando novas pedras
e construindo novos poemas.
Recria tua vida, sempre, sempre.
Remove pedras e planta roseiras e faz doces. Recomeça.
Faz de tua vida mesquinha
um poema.
E viverás no coração dos jovens
e na memória das gerações que hão de vir.
Esta fonte é para uso de todos os sedentos.
Toma a tua parte.
Vem a estas páginas
e não entraves seu uso
aos que têm sede.
domingo, 11 de enero de 2015
lunes, 24 de noviembre de 2014
Ana Cristina César
COMO RASURAR A PAISAGEM
a fotografia
é um tempo morto
fictício retorno à simetria
secreto desejo do poema
censura impossível
do poeta
PSICOGRAFIA
Também eu saio à revelia
e procuro uma síntese nas demoras
cato obsessões com fria têmpera e digo
do coração: não sou e digo
a palavra: não digo (não posso ainda acreditar
na vida) e demito o verso como quem acena
e vivo como quem despede a raiva de ter visto
lunes, 13 de octubre de 2014
Poty Lazzarotto
Mural no Centro Histórico da Cidade de Curitiba, no Estado do Paraná - Homenagem aos tropeiros.
Painel na Praça 19 de Dezembro na Cidade de Curitiba, no Estado do Paraná
martes, 7 de octubre de 2014
Arnaldo Antunes
Estamos sob o mesmo teto
Arnaldo Antunes
O Globo: 25/07/2009
estamos sob o mesmo teto
secreto
onde o sol indesejável é barrado
eu e você
sob o mesmo nós
dois, sóis
sob o mesmo pôr
(o enigma do amor)
do sol
onde todo contorno finda
estamos
sob a mesma pálpebra
agora
já e ainda
intactos de aurora.
Arnaldo Antunes
O Globo: 25/07/2009
estamos sob o mesmo teto
secreto
onde o sol indesejável é barrado
eu e você
sob o mesmo nós
dois, sóis
sob o mesmo pôr
(o enigma do amor)
do sol
onde todo contorno finda
estamos
sob a mesma pálpebra
agora
já e ainda
intactos de aurora.
domingo, 24 de agosto de 2014
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