Anatomias
anatomia de coisas
desnudar
o pássaro de vidro
e ver em seu lado
oculto
o outro lado
de seu vulto
dissecar
vozes
sombras descalças
e perquirir
a substância
escassa que principia
na polpa
branca do dia
flagrar a ânsia
do relógio
e a cadência
dessa máquina
humana
fotografar
a permanência
da chama
anatomia do gesto
dobrar a esquina
de mim mesmo
olhar pra trás
e ainda
enxergar
o resto de
meu gesto
tonto
Pássaro de Vidro (2)
quanto mais escancaras
teu íntimo de vidro
quanto mais descortinas
o avesso dos sentidos
mais o que revelas
deixas escondido.
Pássaro de Vidro (3)
o pássaro é cego
e cego é quem
se agita
em seu espaço
ambíguo
esse espaço
de incessante
tarde nua
onde o voo
risca um traço
branco
de vidro no vidro
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