miércoles, 16 de noviembre de 2011

miércoles, 2 de noviembre de 2011

Carlos Machado

Anatomias

anatomia de coisas

desnudar
o pássaro de vidro
e ver em seu lado
oculto
o outro lado
de seu vulto

dissecar
vozes
sombras descalças
e perquirir
a substância
escassa que principia
na polpa 
branca do dia


flagrar a ânsia
do relógio
e a cadência
dessa máquina
humana


fotografar
a permanência
da chama


anatomia do gesto


dobrar a esquina
de mim mesmo
olhar pra trás
e ainda
enxergar
o resto de
meu gesto
tonto




Pássaro de Vidro (2)


quanto mais escancaras
teu íntimo de vidro


quanto mais descortinas
o avesso dos sentidos


mais o que revelas
deixas escondido.




Pássaro de Vidro (3)


o pássaro é cego
e cego é quem
se agita
em seu espaço
ambíguo


esse espaço
de incessante
tarde nua


onde o voo
risca um traço
branco
de vidro no vidro

Fábia Schnoor - Cartão Postal