lunes, 24 de noviembre de 2014

Ana Cristina César

COMO RASURAR A PAISAGEM

a fotografia
é um tempo morto
fictício retorno à simetria

secreto desejo do poema
censura impossível
do poeta


PSICOGRAFIA

Também eu saio à revelia
e procuro uma síntese nas demoras
cato obsessões com fria têmpera e digo
do coração: não sou e digo
a palavra: não digo (não posso ainda acreditar
na vida) e demito o verso como quem acena
e vivo como quem despede a raiva de ter visto

lunes, 13 de octubre de 2014

Poty Lazzarotto








Mural no Centro Histórico da Cidade de Curitiba, no Estado do Paraná - Homenagem aos tropeiros.










Painel na Praça 19 de Dezembro na Cidade de Curitiba, no Estado do Paraná

martes, 7 de octubre de 2014

Arnaldo Antunes - Se tudo pode acontecer

Arnaldo Antunes

Estamos sob o mesmo teto
Arnaldo Antunes
O Globo: 25/07/2009

estamos sob o mesmo teto
secreto
onde o sol indesejável é barrado
eu e você
sob o mesmo nós
dois, sóis
sob o mesmo pôr
(o enigma do amor)
do sol
onde todo contorno finda
estamos
sob a mesma pálpebra
agora
já e ainda
intactos de aurora.

domingo, 24 de agosto de 2014

viernes, 25 de julio de 2014

Zuca Sardan

Drama nos Bastidores

O palhaço afinal
muito sem graça
era mesmo
além de careca
ladrão de mulher:
Só numa matinê
sumiu com cinco
bem gostosinhas...

Chamaram o delegado
que prendeu por engano
o domador de leões.

O palhaço se esbodegou
de rir e rolou
no camarim dos fundos
com duas mulheres nuas
e um prato de goiabada...
até o macaco
andou tirando umas casquinhas...

Este mundo anda mesmo
uma falta de vergonha...


In: SARDAN, Zuca. Ás de colete. Pref. Alcides Villaça. Il. do autor. 2.ed.ampinas: Ed. da Unicamp, 1994. p.113. (Matéria de poesia



Veludosa Cantilena

"E você
minha fofa gordinha
como se chama ?"
perguntou
pra juvenil Mosquinha
cheio de manha
o ardiloso
Doutor Aranha ...


In: SARDAN, Zuca. Osso do coração. Il. do autor. Campinas: Ed. da Unicamp, 1993. (Matéria de poesia)

martes, 8 de julio de 2014

lunes, 16 de junio de 2014

POÊMIA, poesia de pele e desejos



Últimos exemplares!!! 




Para adquirir um exemplar, entre em contato com a autora, no endereço: cynthiaaguiar@gmail.com

jueves, 27 de febrero de 2014

Siron Franco




A poesia de Marcos Caiado

11


e quando o amor chegar
não faça planos
nem suponha infinitudes:
deguste os quitutes.

quando o amor chegar
desfrute
do som dos atabaques.
se entregue aos batuques.

o amor provoca música
e faz bico às matemáticas:
tem seus próprios números
e truques.

quando, por acaso,o amor chegar
deixe estar!

se for para fazer planos,
que sejam aeroplanos.



 14


me encanta
afagar o nada pensando em ti
e depois florir que nem metáfora

me encanta o mantra breve do teu beijo:
tilintar de radinho, tique redemoinho
de ventilador quase sem ar...


me encanta perambular
entre a invenção da tua presença
e a reticência.






15


sombra


no quintal da minha casa,
nova sala florescera.

há um pé de sofá
onde havia a goiabeira.

viernes, 10 de enero de 2014

Manoel de Barros

"Palavra dentro da qual estou a milhões
de anos é árvore.
Pedra também.
Eu tenho precedências para pedra.
Pássaro também.
Não posso ver nenhuma dessas palavras que
não leve um susto.
Andarilho também.
Não posso ver a palavra andarilho que
eu não tenha vontade de dormir debaixo
de uma árvore.
Que eu não tenha vontade de olhar com
espanto, de novo, aquele homem do saco
a passar como um rei de andrajos nos
arruados de minha aldeia.
E tem mais: as andorinhas,
pelo que sei, consideram os andarilhos
Como árvore."

("Palavras" - Do Livro "O fazedor de amanhecer" - Manoel de Barros)