lunes, 14 de abril de 2008

Caprichos&Relaxos - Paulo Leminski








a noite
me pinga uma estrela no olho
e passa

*

casa com cachorro brabo
meu anjo da guarda
abana o rabo

°

entre a dívida externa
e a dúvida interna
meu coração
comercial
alterna


*

parem
eu confesso
sou poeta

cada manhã que nasce
me nasce
uma rosa na face

parem
eu confesso
sou poeta

só meu amor é meu deus

eu sou o seu profeta
eu
quando olho nos olhos
sei quando uma pessoa
está por dentro
ou está por fora

quem está por fora
não segura
um olhar que demora

de dentro de meu centro
este poema me olha

°

um poema
que não se entende
é digno de nota

a dignidade suprema
de um navio
perdendo a rota

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