viernes, 30 de julio de 2010

Tatuagem na água (Jaci Bezerra)















No Recife me perco e me inauguro
Pisando acácias e águas machucadas,
No bolso o sol ferido, um sol maduro
Escorre, úmido, e acende a madrugada.
Uma árvore brota no meu peito impuro
acalentando a infância que, abismada,
brinca dentro de mim e dói no escuro
sempre por um menino acompanhada.
Nunca a essa cidade fui perjuro
nem nuca a reneguei, talvez por isso
ela me planta e aninha entre os seus muros,
e eu a carrego em mim, arrebatado,
apodrecendo nos mangues dos seus vícios
e amando como se nunca houvesse amado.